I. O nascimento de uma doutrina sem mestre
Paulo de Tarso não foi escolhido por Jesus. Isso é um fato incômodo, mas inegável. Não andou com ele, não presenciou seus atos, não escutou suas parábolas diretamente. Era um fariseu — membro de uma das seitas judaicas mais legalistas da época, defensor fervoroso da Torá — e cidadão romano, portanto plenamente inserido nas estruturas de poder do Império.
Foi esse homem, sem iniciação direta, que afirmou ter tido uma visão no caminho para Damasco e, a partir disso, se autodeclarou apóstolo. Na prática, o que Paulo fez foi reinterpretar os ensinamentos originais de um rabino místico judeu (Yeshua), transformando-os em uma nova doutrina teológica construída a partir dos moldes imperiais, punitivos e patriarcais que tanto conhecia.
Na Magia do Caos, essa seria uma inversão da vontade mágica original. Seria como um magista pegar o sigilo de outro e reconstruí-lo segundo uma egregora de controle, não de libertação. O erro está na fonte e se reproduz no culto.
II. O deus de Paulo: punitivo, intermediado, masculino
A visão que Paulo propõe de Deus é a do juiz supremo, misógino, controlador, vigilante. A velha imagem do Deus-YHVH reencarnada no “Pai” que entrega o “Filho” como sacrifício por um “pecado” herdado — um conceito totalmente ausente nos ensinamentos originais atribuídos a Jesus, mas obsessivamente reforçado por Paulo.
A doutrina do pecado original e da salvação pela fé (e não pelas obras, nem pelo autoconhecimento) é uma invenção paulina, incompatível com o judaísmo da época e completamente alinhada com os sistemas de dominação do Império Romano.
A Magia do Caos, por outro lado, não exige intermediários, tampouco admite culpa herdada. O caos é criador e destruidor, mas nunca castrador. O praticante é soberano. A divindade é despertada de dentro, não imposta de fora.
III. O apagamento dos evangelhos gnósticos e do feminino sagrado
Com o Concílio de Niceia (325 d.C.), sob o comando de Constantino — um imperador que se batizou no leito de morte apenas por conveniência política — o cristianismo foi moldado como instrumento de controle. Mais de 20 evangelhos foram descartados: Tomé, Filipe, Maria Madalena, entre outros. Estes traziam uma visão profundamente gnóstica, onde o Reino de Deus está dentro de você, e não em um templo ou cruz.
Foram suprimidos porque contrariavam Paulo e ameaçavam a hierarquia da igreja, ao propor um acesso direto ao divino, especialmente através do conhecimento (gnose) e da figura feminina.
Na Magia do Caos, esse conhecimento interno é o cerne da prática. Não se busca a salvação futura, mas a expansão da consciência aqui e agora, através de símbolos, entidades, sigilos e gnose pessoal. O feminino, o sombrio, o irracional são celebrados, não exorcizados.
IV. As mais de 400 alterações bíblicas e a construção da mentira sagrada
Estudos sérios de crítica textual bíblica, como os de Bart D. Ehrman (ex-cristão, doutor em Teologia), apontam que os manuscritos da Bíblia sofreram centenas de alterações deliberadas ao longo dos séculos. Muitas delas visavam reforçar a divindade de Jesus, suprimir o papel das mulheres, e garantir a estrutura de poder eclesiástica.
Exemplos notórios:
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A história da mulher adúltera ("quem não tem pecado que atire a primeira pedra") não aparece nos evangelhos mais antigos.
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Textos que sugeriam que Jesus tinha irmãos ou que Madalena era sua companheira foram eliminados ou reinterpretados.
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O conceito de Trindade sequer existia nas primeiras comunidades cristãs; foi introduzido artificialmente séculos depois.
Na Magia do Caos, cada palavra alterada é um sigilo corrompido. A distorção da realidade por interesses externos é o oposto da verdadeira vontade (Thelema). O caos ensina: não confie no dogma, confie na experiência. Questionar é ritual. Desprogramar-se é liturgia.
V. A herança de Paulo nos púlpitos modernos: escravidão espiritual
A mensagem paulina ecoa até hoje nas igrejas evangélicas, nos gritos de pastores neopentecostais, na insistência com o dízimo, na condenação da carne, da mulher, do prazer. Tudo isso tem origem em sua visão puritana e em sua obsessão com o controle do corpo e da mente.
Os atuais apóstolos da televisão, os missionários da culpa e da moral, não fazem mais do que beber da mesma fonte corrompida. A igreja deixou de ser espaço sagrado para se tornar um tribunal de inquisição emocional e financeira.
Na Magia do Caos, não há altar que não possa ser virado. O templo é o corpo. O rito é a vontade. A carne é santa, o prazer é um mapa para o poder pessoal. A queda é iniciação. O erro é aprendizado. O caos é o caminho da liberdade — porque ninguém pode dizer como deve ser o seu Deus, a não ser você.
Conclusão: a ruptura é sagrada
Paulo não fundou o cristianismo. Ele fundou o paulinismo — uma religião do medo, da submissão, da culpa e da promessa pós-morte. Ao contrário de Yeshua, que falava de Reino presente, de transformação, de olhar para dentro, Paulo nos ofereceu um cárcere moral e um salvador eterno… que exige sacrifícios cotidianos de pensamento.
por Zahir AlmystA Magia do Caos não propõe um salvador, mas um espelho. Não impõe uma cruz, mas oferece uma chave. Não exige submissão, mas a coragem de criar sua própria realidade, de confrontar seus próprios demônios e de erguer seu próprio altar sobre as ruínas da mentira.
Estudar magia do caos é mais do que romper com a religião: é reclamar sua soberania espiritual. É sair do cativeiro de Paulo e caminhar no labirinto da sua própria divindade.
Estude conosco e liberte-se:
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