Na tradição da Goétia, herdada da demonologia renascentista e moldada pelas práticas de evocadores como Salomão, Crowley e os magistas modernos, muito se fala sobre daemons que “trazem bons familiares”. Essa expressão, muitas vezes mal compreendida por iniciantes, se refere a uma das facetas mais práticas e misteriosas da operação mágica: a designação de agentes espirituais para auxiliar o magista em suas tarefas mundanas e ocultas. Entre os daemons com essa habilidade, destaca-se Purson, o 20º espírito listado na Goétia.
O Que São Familiares na Goétia?
Familiares, na concepção goética, são entidades subordinadas a um daemon maior. Não são daemons independentes, mas sim extensões de vontade, criaturas astrais, larvas conscientes, ou mesmo fragmentos autônomos de um espírito central que atua como mentor. Esses familiares são geralmente invisíveis, mas podem se manifestar em sonhos, sensações, visões ou através de métodos oraculares como espelho negro, runas ou cartas.
Eles são enviados com uma função clara: executar, proteger, influenciar ou informar. A sua existência está vinculada ao pacto feito com o daemon principal e, por isso, sua lealdade não é com o magista, mas com aquele que os comanda: o espírito maior.
Purson e o Dom dos Familiares
Purson é conhecido por revelar tesouros ocultos, conhecimentos secretos e – de forma crucial aqui – designar bons familiares. Isso significa que, uma vez invocado corretamente, ele pode alocar uma ou mais entidades auxiliares ao magista para servi-lo em suas buscas específicas.
Seus familiares são normalmente especializados em revelação de segredos, espionagem astral, proteção psíquica e manifestações rápidas de desejos materiais. Eles são agentes do inconsciente que se tornam conscientes e operacionais após o ritual.
Como Realizar os Intentos com o Familiar
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Evocação de Purson: Utilize o sigilo clássico, acenda uma vela dourada e ofereça incenso de olibano. Vibre o seu enn: "Ana jecore on ca Purson".
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Solicitação de um Familiar: Durante a comunicação, declare com clareza: “Purson, designa-me um de teus familiares para [finalidade desejada] sob tua ordem e sabedoria. Que ele cumpra seu dever em harmonia contigo e comigo”.
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Apresente uma Morada: Pode ser um cristal, estátua, anel ou recipiente ritual onde o familiar será alojado energeticamente.
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Nomeie e Observe: O familiar pode se apresentar com um nome ou sigilo espontâneo. Mantenha um registro dos sonhos, visões ou sensações.
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Dê tarefas claras: Trabalhe com ordens simples, com tempo definido e finalidade concreta. Lembre-se de que eles funcionam melhor com direção firme e respeito.
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Encerramento e Gratidão: Sempre que não mais desejar sua atuação, faça o ritual de dissolução e agradeça a Purson.
Comparando com os Falangeiros de Exus
Na religião de matriz africana (como Umbanda e Quimbanda), Exus também trabalham com falangeiros — entidades que se alinham à vibração de um Exu-chefe. Aqui está a principal similaridade: os falangeiros e os familiares são ambos subordinados espirituais que realizam tarefas atribuídas por um espírito central.
Diferenças principais:
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Os falangeiros são parte de uma estrutura de culto regular e muitas vezes lidam com questões humanas e sociais em terreiro.
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Os familiares goéticos são agentes técnicos, muitas vezes sem personalidades distintas, focados em objetivos mágicos específicos.
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Os falangeiros têm um aspecto mais comunitário e cultural; os familiares, um aspecto mais operativo e ocultista.
Ambos os sistemas, no entanto, demonstram que a magia eficaz depende da delegação e da cooperação entre inteligências espirituais.
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Zahir Almyst
Magia do Caos e Goétia
"A sabedoria que se cala, grita para quem ouve."
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