Os ENNs são frases de invocação usadas para chamar entidades espirituais, especialmente dentro das tradições da Goétia, do Grimorium Verum e de outros sistemas mágicos. Essas fórmulas místicas, que muitas vezes se assemelham a mantras ou encantamentos, são carregadas de vibração mágica e são um dos principais recursos de evocação utilizados por magistas ao longo dos séculos. Mas qual é a verdadeira origem desses ENNs? Em que grimórios eles aparecem? Quem foram os ocultistas que os registraram? E foram essas fórmulas alteradas ao longo do tempo? Este artigo buscará responder a essas questões.
1. O Que São os ENNs de Evocação?
Os ENNs são frases curtas e foneticamente poderosas, criadas para invocar, evocar ou estabelecer uma conexão com entidades espirituais específicas. Eles são compostos por uma combinação de palavras de origem incerta, muitas vezes associadas ao latim, hebraico, enochiano e outras línguas místicas ou angelicais. Seu poder reside tanto na vibração fonética quanto na intenção mágica do praticante.
Os ENNs foram popularizados na Goétia moderna, especialmente no século XX, com o trabalho de ocultistas como Michael W. Ford e S. Connolly, que compilaram diversas versões dessas frases. No entanto, registros mais antigos indicam que essas fórmulas já eram utilizadas em versões diferentes nos séculos passados.
2. Os ENNs na Goétia: Origem e Registro
A tradição goética provém principalmente do Lemegeton Clavicula Salomonis, também chamado de A Chave Menor de Salomão, um grimório do século XVII que compila rituais de evocação de 72 daemons. Apesar de o Lemegeton listar os nomes, selos e descrições dos espíritos, os ENNs específicos para sua evocação não são mencionados diretamente no texto original.
Os ENNs mais conhecidos dos daemons da Goétia começaram a surgir no século XX, com a popularização da Demonolatria e de trabalhos como Goetia Pathworking de Corwin Hargrove. Alguns dos exemplos mais comuns incluem:
- Bael – Ayer Secore On Ca Ba’al
- Agares – Rean ganen ayar da Agares
- Paimon – Linan tasa jedan Paimon
- Marbas – Renich tasa uberaca biasa icar Marbas
Essas frases surgiram a partir da prática ritualística e possivelmente foram desenvolvidas por gerações de magistas que experimentavam sons e palavras que melhor ressoavam com as energias dos espíritos.
3. Os ENNs no Grimorium Verum
O Grimorium Verum, um grimório de origem possivelmente francesa datado do século XVIII, é conhecido por suas conjurações de demônios como Scirlin, Lúcifer, Belzebu e Astaroth. Diferente da Goétia, que enfatiza a hierarquia e o controle dos espíritos, o Grimorium Verum apresenta um enfoque mais direto e prático na evocação.
Os ENNs não aparecem diretamente no texto original do Grimorium Verum, mas conjurações similares são encontradas, como:
- Scirlin – Invocação inicial para se comunicar com os espíritos inferiores
- Lúcifer – Conjuração para estabelecer um pacto e obter favores
- Astaroth – Palavras-chave para evocação durante o ritual
Ao longo dos séculos, os praticantes do Grimorium Verum adicionaram variações dessas conjurações, adaptando-as de acordo com sua própria tradição e experimentação ritualística.
4. Os ENNs na Tradição de Hécate e Outros Sistemas
Além dos daemons da Goétia e do Grimorium Verum, algumas entidades ancestrais como Hécate também possuem ENNs de evocação. Hécate, uma deusa ctônica ligada à feitiçaria e às encruzilhadas, possui invocações que podem ser encontradas em textos gregos antigos, como o Orphic Hymns e o Chaldean Oracles.
A evocação de Hécate muitas vezes inclui fórmulas que combinam nomes arcaicos, tais como:
- Hécate – Eko Eko Azarak, Eko Eko Zomelak
- Hécate (versões modernas) – Io Hekate Phosphoros! ou Hekas Hekas Este Bebeloi!
Essas fórmulas, embora não sejam "ENNs" no mesmo sentido que os utilizados na Goétia, funcionam de maneira semelhante, servindo para atrair a presença da entidade invocada.
5. A Evolução e Modificação dos ENNs ao Longo do Tempo
Como ocorre com muitos elementos da magia prática, os ENNs não são estáticos e foram modificados ao longo dos séculos por diferentes magistas. O que hoje conhecemos como ENNs provavelmente se originou da prática de experimentação fonética de evocação, onde os ocultistas registravam sons e palavras que produziam os melhores efeitos durante os rituais.
No século XX, com a ascensão da Magia do Caos e da Demonolatria moderna, os ENNs passaram a ser usados de forma mais sistemática. Ocultistas como Michael W. Ford e Corwin Hargrove refinaram e popularizaram esses encantamentos, incorporando-os em manuais modernos.
Essa flexibilidade é um dos grandes atrativos dos ENNs: eles podem ser personalizados, aprimorados e combinados com outras formas de evocação mágica.
6. Bibliografia e Fontes
Se você deseja aprofundar-se no estudo dos ENNs e rituais de evocação, aqui estão algumas obras essenciais disponíveis no mercado:
- "The Lesser Key of Solomon" (Lemegeton) – Grimório clássico da Goétia.
- "Grimorium Verum" – Uma das fontes principais sobre pactos e evocação demoníaca.
- "Goetia Pathworking" – Corwin Hargrove – Um estudo moderno sobre os daemons goéticos.
- "Goetia Luciferiana" – Michael W. Ford – Foco na evocação dentro do contexto luciferiano.
- "The Book of Results" – Ray Sherwin – Uma abordagem caótica da magia ritualística.
- "Liber Null" – Peter J. Carroll – Um dos pilares da Magia do Caos e práticas modernas de evocação.
Muitos desses livros estão disponíveis em livrarias esotéricas ou em edições digitais, tornando-os acessíveis para praticantes e estudiosos.
Conclusão
Os ENNs de evocação são um fascinante exemplo de como a magia evolui ao longo dos séculos, adaptando-se às necessidades e descobertas dos ocultistas. Seja na Goétia, no Grimorium Verum ou na evocação de divindades como Hécate, essas fórmulas demonstram o poder da palavra e da vibração sonora na prática espiritual.
Seja você um magista tradicional ou um explorador da Magia do Caos, compreender e experimentar os ENNs pode abrir novas possibilidades na sua jornada oculta.
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